domingo, junho 19, 2011

Os Catadores do Lixão


Às vezes chego à conclusão que determinadas imagens dispensam qualquer palavra, nem o título ter algum nome. Em linguagem plena de informações, através da ambiência, do clima, do aspecto conjuntural, dos personagens, no sentido da visão, da ótica em raciocínio, a composição desfecha no ápice em que o silêncio do momento se revela ao abrir e fechar da cortina do obturador, no instante do clique. Certo de que há uma nítida expectativa quanto a excelência da palavra, cabendo perfeitamente todo e qualquer estilo de signos paralelos, porque permite a meditação, agregando o simbolismo do inconsciente, criando e determinando tendências, vertentes, cercando o fato, vislumbrando o imaginado. Certo de que se pode dizer tudo, ou qualquer ruído, de todo percebido. Sim, mas até então, por todo conhecimento do que se trata essa composição, ainda não inspirava uma só palavra sobre essa foto aqui apresentada e por efeito da proposta do blog, de ‘fotos comentadas’, adentrei por essa reflexão. Então copilei informações de sites e blogs sobre o fato ocorrido, fiz um resumo, e intitulei.

Resumo da Mídia: O antigo 'Lixão de Maceió', com 40 anos de funcionamento, foi desativado um mês depois em que essa série fotográfica foi captada, no dia 30 de abril de 2010, com a inauguração do Aterro Sanitário de Maceió, que funcionará pelos próximos 30 anos, num terreno de 140 hectares na região do Benedito Bentes. Foram 'catalogados' 326 catadores de lixo (e desses, o acréscimo de suas respectivas famílias), que serão orientados pela prefeitura a buscarem outras fontes de renda, já que não têm mais o lixo para catar.

LCB_2010mar12

terça-feira, junho 14, 2011

Das responsabilidades do Fotojornalista


Com uma imagem podemos contar mil estórias ou entrar pra História por presenciar um fato único e ter a impressionabilidade de captar o enredo; no dia a dia o repórter fotográfico transpira isso o tempo inteiro, é uma profissão à flor da pele, que requer disposição, sensibilidade, criatividade, coragem, determinação, esperteza, raciocínio fílmico, amor à profissão e vontade de fazer. Junte tudo isso ao conhecimento antropológico e sociológico, história da arte, planejamento gráfico, semiótica, geometria, ótica, cinema, fotografia, enfim, além do conhecimento técnico dos equipamentos, é no olhar deste profissional onde habita a singular poética das comunicações.

A maioria dos repórteres fotográficos raciocina em imagens, linguagem imagem; ao invés de letras e palavras, perguntas e respostas, rabiscos, busca informações na aura do ambiente, no espectro de luz, nas linhas, nos corpos, na profundidade de campo, no detalhe (cores, perspectivas, coisas, contraluz, movimento, etc.), tenta, incansavelmente, traduzir o intraduzível, retratar o irretratável, fazer casar perfeitamente o conteúdo do texto do companheiro jornalista com a imagem captada. Das lentes as imagens que marcam a História do cotidiano que se vive, que se viveu, a certeza da presença, o fato puro, que pulsa e sangra, eterniza, detalhadamente, a realidade detida no flagrante.

No labirinto das cidades vaga atentamente, - deve ter plena consciência de seu papel social, de interlocutor da vida em seus fatos mais marcantes. - suspenso no silêncio da visão, deve ter o melindre no senso humano de ver, distinguir os fatos, ter ética e ser fiel à retratação do que se é sugerido pela pauta, mas não deve deter-se apenas a esta, pois a vida está ali, ao redor, à caminho, na inspiração, deve permitir-se vislumbrar da criatividade, ousar absurdidade, agir com a alma em chama, com o coração em brasa, na faísca do clique e na carburação da respiração; flutuar com o vento; subir nas antenas e montanhas mais altas; sucumbir ao chão; ter o sangue frio de ver a morte de frente.

O principal valor do produto deste profissional é, sem dúvida alguma, o de informar. Mas quando essa informação caduca, então emerge o valor intrínseco das questões históricas, que agradecem tamanha riqueza de material, do jornalismo impresso. A informação mais precisa, com fatos contados entre o texto em letras e as imagens dos momentos congelados, diariamente, como agente pertinente da autenticidade da notícia, o repórter fotográfico se destaca por sua postura de efeito propagador, pois entre as letras não se enxerga em três dimensões e na perspectiva ótica no instantâneo se enxerga. Em ambas, palavras e imagens, a magnitude transborda na essência prima do amor ao esvaecer.

sábado, junho 11, 2011

Pelas ruas da cidade


Essa loja fica no Jacintinho, bem numa curva de acesso à Ladeira do Óleo, eu sempre que passei por ali achei pelo menos ‘original’, essa dupla exposição de roupas: em manequins, novas, à venda; e no varal, usadas, enxugando. É bem inusitado esse atrativo à clientela, e há um aspecto de melhor visibilidade para as roupas estendidas. A presença do estrangeirismo também chama a atenção: Jeyssy. Pura criatividade. Linguagem popular, arte popular, bairro popular, moda popular. Essa gente brasileira, que aos trancos e barrancos encontra sempre um jeitinho, a partir de um conhecimento e da força de vontade, de poupar-se de dependências funcionais, através de muita dedicação e trabalho, para ter tão grata alforria trabalhista, conquistando autonomia.

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