quinta-feira, dezembro 30, 2010

Quiçá fecunde !


Uma sementinha se solta do cacho e mergulha para uma nova vida florescer, esse é o sentido do novo alvorecer, a plenitude da vida. No momento em que fiz a foto, não percebi tamanha poesia que havia captado. Até então a poesia estava no cacho, que envolto ao balanço do vento, impondo ao galho a flexibilidade, com todas aquelas minúsculas floresinhas brancas, explodidas dos grãos. Apenas em casa pude ver o movimento, nos cliques sequenciais, da sementinha no momento da separação do grupo, de isolada por si quiçá fecunde. Com essa postagem desejo a todos esse ensejo de esperança no reino da paz.

Essas fotos fazem parte do banco de imagens de Lula Castello Branco no Flickr, da Coleção Vegetação o Álbum  “VegetaçãoDeAlagoas” acessível no seguinte endereço: http://www.flickr.com/photos/lulacastellobranco/

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domingo, dezembro 26, 2010

Pão de Açúcar Futebol Clube


Não é bem o Rio de janeiro, também não é o maracanã. Porém o time do América de Pão de Açúcar está lá, em campo, em plena crôa exposta do rio São Francisco. O que me fez refletir sobre a influência do futebol do sudeste sobre a torcida brasileira, com uma visão singela, principalmente o carioca. Percebo que, tirando exemplo a partir de mim, que sou botafoguense, a falta de interesse pelo esporte de nossa terra. Sinto hoje uma busca muito forte desse valor, inclusive campanhas claras com esse objetivo nos principais clubes de Alagoas. Lembro de quando ainda criança havia mais entusiasmo da população pelos clubes locais, principalmente CSA (Cêssiá) e CRB (Cêrrêbê), o grande clássico das multidões da Capital. Hoje o futebol do interior tem urgido com muita força, levando a maioria dos campeonatos estaduais, o que nos apresenta uma grave crise desses clubes, que outrora comandavam sucessivamente tais competições. Acho que diversas coisas têm espantado a torcida dos clubes locais, mas a violência da própria torcida tem afastado principalmente as famílias, o que faz com que as crianças comecem a gostar mais do futebol que vêem na Televisão. A influência é clara, os clubes do sudeste se congratulam a cada dia mais com novos torcedores, do Brasil inteiro, principalmente crianças. É triste querer torcer por um clube local, mas não poder ir ao campo para assisti-lo jogar. Acho que é por isso que os clubes do interior têm crescido tanto, porque quando jogam em casa tem diversão pras famílias, essa violência por lá é bem menor. Porém diga-se: essa violência está em todas as capitais e municípios mais populosos do País, ela está no âmago da sociedade. É puro reflexo, é o retrato de si. 

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domingo, dezembro 19, 2010

Gabriela e a Rosa




Eu e Gabriela Lapa fomos pautados para cobrir os acontecimentos do Dia dos Finados, nossas primeiras visitas seriam as floriculturas e cemitérios, a caminho o comércio de velas, de santinhos e de arranjos, familiares, enfim, reportar o evento social. Após entrevistarmos a dona de uma floricultura, Gabi ganhou uma linda rosa vermelha, o que a deixou muito feliz. Mais adiante fomos ao cemitério N. S. da Piedade, no Prado, lá contei que meu pai estava enterrado ali e fui até túmulo em sua companhia. De repente ela saiu, foi até o automóvel e trouxe a rosa que tinha ganhado e me deu para que a oferecesse a meu pai. Havia tempo que eu não tinha uma emoção tão grande. Recebi a oferenda e voltamos ao sepulcro. Tenho certeza de que até o meu pai se arrepiou com tamanha sensibilidade. Obrigado companheira. Eterna gratidão.

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sábado, dezembro 11, 2010

Enquanto isso na OAB


 Tudo que posso enxergar cheira descaso, escuto a superfície aflorada do mínimo verde que há, do sonho colorido com sabor de McDonald. Campanha da Pepsi-Cola acusa a Coca-Cola numa metáfora franca, apresentando artistas, ex-viciados em cocaína, dizendo “- larguei a coca !”. O Kapitalismo é a falta completa de harmonia em coletividade. Egocentrismo pleno. Meia volta pra se dar uma marcha ré. Primeiro Eu, depois eu e assim por diante. Tudo e todos em estado de adequação, de adaptação à realidade existencial em si. Voltando à coca, o crac, o álcool, a maconha, o êxtase, o açúcar, a amônia, as sodas, substâncias nocivas, as industrializadas têm direito até longas campanhas publicitárias, o ano inteiro, massificando, principalmente o álcool e a amônia (dos cigarros turbinados), enquanto às não industrializadas, sem selinhos de impostos deduzidos, giram nas mãos de traficantes, são largamente consumidas, o que enriquece o judiciário, com o aval do legislativo e a presença do executivo, no ôba-ôba da mordomia enlouquecida infiltrada no âmago do poder.

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quinta-feira, dezembro 09, 2010

Sinais do tempo de vida


 Os cabelos brancos, a costa encurvada, um pano pendurado no ombro e a gola do vestido um pouco desajeitada, mostram essências visíveis da idade dessa mulher: a fragilidade do corpo do ser animal. Ponho-me a tentar imaginar o tanto que ela viveu. Pela simplicidade, o quanto que ela sofreu. Pelo semblante, o quanto ainda viverá. Sei lá. Gosto do quadro, da luz intensa difundida (foi num momento em que nuvens encobriram o sol), da suavidade de um silêncio provável, pela temeridade sombria da morte. Todo ser que envelhece, em suma, aproxima-se da morte inevitável. Embora acidentes possam acontecer, doenças, o tempo haverá de gradativamente abrir-nos os caminhos do além.

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Água mole e pedra dura...





 Flagrante sequencial do momento em que uma onda percorre de viés estourando no muro onde uma garotinha passiva observa. Esta sequência foi captada durante uma cobertura jornalística sobre as ressacas que destruiu parte das casas da Barra Nova, na Ilha de Santa Rita, em Marechal Deodoro, Alagoas, em setembro de 2006. Acredito que toda essa tragédia se deu graças à devastação do manguezal que protegia aquela orla das marés do Oceano Atlântico. Espaço transformado em um dos Pontos Turísticos da região, a Prainha, que gradativamente, com a influência da presença humana, foi-se devastando criando praias livres daquela vegetação. Voltei lá em fevereiro de 2010, quando outra ressaca atingiu furiosamente as edificações da orla, e eu pude conferir que já não havia mais qualquer vegetação, pondo em risco inclusive a ilha, que passa a não ter mais aquela muralha de vegetais que a protegia, recebendo direto toda maré do mar, a cada nova ressaca. No fundo das fotos, onde se vê alguma vegetação e a linha horizontal de ondas estourando, havia uma parede constituída de intenso manguezal. Sem a vegetação não há proteção. Definitivamente a Prainha é um dos grandes crimes ambientais a esta APA (Área de Proteção Ambiental). De resto a poesia da imagem ritmada nos frames aqui expostos como denúncia.

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quarta-feira, dezembro 08, 2010

Flores, uma paixão.





É pura paixão, é a foto mais pura que não consigo não fazer. Tá no meu cotidiano, no meu dia a dia. As vezes ali no esgoto da esquina, num jardim, numa mata, num brejo, num jarro, numa parede, pendurado num arame, no exercício de um repórter fotográfico, entre as pautas, entre outros tantos cliques. O que germinou essa coleção que não pára de crescer. E eu adoro. Sinto-me orgulhoso por tanto sacrifício, por tanta vontade de fazer, por tamanha vontade ! Fazer. Confira essa coleção completa de flores que encontro em minhas andanças no meu banco de fotos flickr, no endereço abaixo:

sábado, dezembro 04, 2010

Um sino no caminho






Durante uma procissão saída da Igreja da Catedral, pela Rua do Sol, acompanhando todo seu percurso, percebi que da torre da Igreja dos Martírios, mais a frente, teria uma visão aérea da multidão em caminhada. Adiantei os passos e subi em tal torre. Consegui fazer boas fotos lá de cima, mas não esperava que, em um determinado momento, percebi um movimento da corda que segura o sino, era o padre, lá de baixo, contemplando a passagem da santa e dos fiéis. Acho que ele não sabia que eu estava naquela torre, o sino começou a badalar em ‘tóins’ que perpetraram por todos os meus sentidos. Foi uma sensação incrível, ali ao lado do sino a badalar. Passei o resto dia a ouvir, no fundo do meu inconsciente: ‘Tóim !, Tóim !, Tóim !, Tóim !, Tóim !, Tóim !’... reverberando. Pelos portais da cúpula, percebemos o entorno da igreja, a cidade, o Palácio dos Martírios, a Laguna Mundaú... São instantes gratificantes. São esforços compensados. Valeu.

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sexta-feira, dezembro 03, 2010

A dor de um pai

 Cá estou a navegar na dor de um amigo. Doído, doendo da dor alheia. Uma dor que agiganta a cada dia, em que novos amigos também vêm a navegar na terrível sensação de ver o corpo do filho estirado no chão, crivado à bala. Como um Sandrinho, o menino da Alegria (Grota da Alegria); como um doidinho, que circulava perambulando entre as praças da cidade à noite; como o Fábio ou o professor Bandeira; mais um. Números escandalosos ! E o pior: o próximo pode ser Você ou Eu. O mundo tá virado de cabeça para baixo ao pé das palavras. Valores invertidos são tudo por aqui. Não há felicidade plena no ar. Sequer temporária, as vezes, não há. Cadê a poesia que morava aqui ? Cadê o mijãosinho da Praça Sinimbu ? Quer dizer: Cadê a Praça Sinimbu !?... Empresários ? Latifundiários ? Sociedade Civil ? Igreja ? Traficantes ? Governo ? Câmara ? Assembléia ? Jurídicos afins ? Poder ? Quem ? De quem é a culpa ? Tá lá, estirado no chão o garoto. Isso virou rotina em nosso cotidiano, - E nada podemos fazer ?!... - Pelo contrário, quanto mais fizermos contra, mas nossas vidas tornam-se alvo. Terrorismo pleno, conivência absoluta. Não podemos permitir tamanha desordem.

Aos 12 anos de idade o cidadão ainda é uma criança, possa ter o tamanho que for, é uma criança. E os direitos da Criança e do Adolescente são claros quanto ao modo de tratamento. Espancado por marmanjos fardados, tratado como Zé Ninguém, ameaçado, injustiçado ?! Há um momento em que nossos filhos vão às ruas, afinal de contas os criamos para o mundo, vão aprender a viver, todos nós passamos por isso. Mas não é porque um tem interesses diferentes dos outros, o que é absolutamente natural, que deva sofrer penas severas. Segundo o documento assinado pelo Presidente Lula, nem palmada, sequer dos pais, podem levar. Não há argumentos que justifiquem a ação desse delegado de polícia e dos policiais que agrediram tal menino, o que afetou psicologicamente sua conduta. - o que já era difícil piorou. - foram quatro longos anos de um trabalho árduo de re-socialização do garoto, seus pais mediante a imposição da força, do medo de estar lidando com autoridades policiais temíveis, já consagradas pela população, sofreram calados, assistindo ao filho, além de acusá-los por nada fazerem quanto à agressão que houvera sofrido, afundar numa vida de lamúrias e hostilidades. Um menino bom, de espírito gentil, indignado, trazia consigo as marcas de tal agressão na alma.

Acredito que o que este pai pede à Sociedade Civil, é que a Justiça não continue a descartar do banco de réus acusados graduados e afins. A hipocrisia remanescente, do malcaratismo estúpido e impiedoso do mal comandando o poder, dá à História da Humanidade projeções obscuras, sentidos banais, sentimentos vulgares, atitudes canalhas. Pois um Homem que bata no filho de outro Homem deve apanhar duplamente, pelo filho e pelo pai. O que vemos é uma Justiça burguesa, gorda esbaforida, covardemente vender-se numa jogada infeliz que Deus nenhum toleraria. Condenar a pobreza é tudo que sabem fazer. Condenam seres humanos a nascerem e morrerem pobres e miseráveis, e sobre toda essa façanha sublime distorcida enriquecem uns poucos porquinhos espertos. Um nojo. Asquerosos, cheios de bossa e clamores diante seus conhecimentos retilíneo uniformes, de sujeitos alienados, mantêm seus postos de carrascos, nessa epopéia escravocrata dessa democracia globalizada. Pois esse pai tem o direito de fazer reluzir o respeito que tanto seu filho necessitou ter, tem o direito de acusar o agressor, de apontar para ele e dizer: - Você foi o grande culpado ! Agrediu meu filho e conseguiu me silenciar diante a justiça perante seu posto de delegado. Mas você é um bandido, facínora, deve cumprir o mandato das leis que punem os agressores a menores, o que quer eles tenham feito, assim diz a lei. - Lei !? Que Lei ? O Estatuto da Criança e do Adolescente. Será que os juristas alagoanos o conhecem ? Se o conhecem, porque então não punem. Será que também têm medo de tal delegado que por lá donde trabalha é tão mal afamado ? Ou será que é porque o menino era negro e pobre, de ímpeto firme, decidido, valente, bonito... Foi muita covardia ! De todo modo rogo aos Deuses que pairam sobre nossos universos: rogai por nós.

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